domingo, 24 de setembro de 2017

Patriazinha

Baldim me faz tão bem. Adoro esse silêncio que escuto agora, só quebrado pelo som dos passarinhos ou pelos avisos vindo do alto-falante da igreja. Hoje, o Zé da Bilinha anunciou a morte do Seo Vitor Machado. Preciso ir lá, dar um abraço na Dona Maria e na Betânia. Betânia foi uma das minhas melhores amigas na infância e a Dona Maria foi a professora que ensinou minha irmã a ler. Era em sua casa que assistíamos TV na década de 1970. O sofá ficava pequeno para tanta criança da rua e ela nos recebia a todos, com uma paciência de Jó. Hoje não acordei bem, com dor de cabeça e mal estar. É a lua nova que se aproxima, lua forte, e que sempre tem esse efeito sobre mim. Mais cedo, ouvi daqui a Missa Conga. É Festa de Agosto, festa do padroeiro. Nessa época mamãe comprava retalhos para fazer roupas novas para nós e juntávamos moedinhas durante meses para comprar bijuterias nas barracas dos camelôs que se espalhavam pela praça. Às 5 da manhã teve alvorada com foguetório, sinos tocando e banda de música. Tive que levantar e abrir a porta para o Scooby entrar e se refugiar embaixo da minha cama. Agora, ouço os tambores ao longe. Devem estar seguindo para o almoço coletivo, marca das festas populares. Todo mundo que chegar, come. Depois vão agradecer a mesa, porque congadeiro é assim, não come sem rezar; não sai sem agradecer. Isso é Minas. Minas em mim. Minas comigo.

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