domingo, 24 de setembro de 2017

Chá

Não acordei bem. É a lua, tá virando. Lua nova, forte, mexe muito comigo. Preparei um chá. Como aqui não tenho um canteiro de hortelã, foi de saquinho mesmo. Mas o sabor é tão diferente, até a cor é estranha. Eu juro que tento ressignificar, mas sinto tantas saudades da minha patriazinha. Sinto falta do silêncio, dos pardais invadindo a cozinha, do beija-flor pousado no bebedouro, suas garrinhas seguras na haste amarela. Ele enfia o bico na flor artificial, sobe uma bolhinha na água e ele levanta a cabecinha. Parece um balé. Eu fico horas observando e me espantando, sempre. E o menino? Qu'é-de ele me apresentando as novidades na cena do rap? Criando coragem para me mostrar suas rimas? Fridinha e Scooby me rodeando, buscando presença, aconchego. Nem vou falar da janela azul de tramela, meu portal para Nárnia. Hoje, não tô boa, não. Vou tomar o chá.

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