domingo, 29 de julho de 2012

fragilidades tão hermeticamente fechadas,
tão bem escondidas que pareciam não existir,
mas cuja força germinativa ainda está lá,
e brotam ao menor sinal de solo fértil

sexta-feira, 22 de junho de 2012



Depois de alguns dias longe, a mãe enfim retorna da viagem.
Desta vez o menino não foi junto, ficou na casa de um colega.
Na hora do reencontro, muito choro. À noite, sozinhos em casa, ele explicou:
"- Mãe, hoje que eu entendi o que é emocionar. Quando vi você, eu chorei não porque estava triste, mas porque fiquei muito feliz com a sua volta."

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Folhas de goiabeira


A menina teve um destino diferente: o privilégio de ter avós adotivos. Vivia dividida entre as duas casas, a dos pais e a dos avós, um casal que, embora tão pobre quanto sua família, conseguia lhe proporcionar coisas que seus irmãos e irmãs não tinham.
A saída encontrada por ela foi criar uma "vendinha" onde vendia a seus irmãos e irmãs guloseimas que recolhia na casa dos avós. A moeda? folhas de goiabeira.
Adulta, a cada encontro da família, era motivo de piada por ser tão boba. Onde já se viu, trocar guloseimas por folhas de goiabeira?
Anos mais tarde percebeu que, na verdade, o que ela  trocava era afeto.
Demorou ainda mais um tempo para perceber que as trocas deveriam, sim, continuar acontecendo, mas a moeda, agora, deveria ser outra.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O mundo visto de uma borboleta



"Borboletas me convidaram a elas. O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas. Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta seria, com certeza, um mundo livre aos poemas. Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras do que os homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças do que pelos homens.
Vi que as águas têm mais qualidade para a paz do que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do ponto de vista de uma borboleta.
Ali até o meu fascínio era azul."   -    Manoel de Barros


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Viva Santos Reis!!!

6 de janeiro de 2001.

Ela acordou decidida: sua história não começava ali. E foi atrás das reminiscências. A mãe e o pai iniciaram a família, em Santo Antônio do Baú, numa casinha de pau a pique. E lá foi ela, com seu irmão mais velho, a procura dessa história. O caminho era lindo, a estrada ainda lameada pelas chuvas de dezembro e os pequizeiros generosos ofertavam seus frutos suculentos, amarelo-ouro. Tivesse o menino nascido nesse cerrado, e uma das ofertas seria esse fruto!

Enfim chegaram ao arraialzinho. A casinha ainda estava lá, de pé!
Ela conheceu tios e tias, primos e primas e ouviu muitas histórias a respeito de seu pai, um pai que ela não teve oportunidade de conhecer, não este que as pessoas falavam com tanto carinho. Todos tinham uma história que falava de quão espirituoso ele era e do seu amor pela Folia de Reis.

Ah, a Folia... Naquele dia, ela completava 50 anos de criação e seu pai, morto há 14 anos era um dos homenageados. O arraial estava todo enfeitado e recebia gente de toda a redondeza. Só 1 ou 2 dos foliões daquela época ainda estavam vivos. Pra sorte dela, seu tio João (que coincidência, o mesmo nome que escolheria depois para o seu filho) um dos fundadores da Folia, a recebeu com um abraço caloroso.

Ela também descobriu que pesquisadores já haviam passado por ali e registrado toda aquela riqueza na tinta e no papel: "Do Presépio à Balança", livro de Edmilson e Núbia publicizava um pouco a história daquele lugar e daqueles sujeitos.

A festa foi linda! A capelinha ficou pequena pra tanta gente. Todos queriam ver a Folia adorando o presépio, bem de pertinho. Teve também as pastorinhas...

Depois muita comilança, como é próprio das festas populares.

Voltaram tarde da noite, o tio veio junto. As conversas não tinham fim...

Por dias ela ficou tomada pela emoção vivida naquele lugar, com a imagem da Sagrada Família: José, Maria e o Menino. E decidiu: ela também queria um menino! E ele veio, meses depois... João Pedro, nome escolhido em homenagem a um mestre da Folia de Reis.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012



" Há que tirar o sapato e pisar com tato nesse litoral"