Acordei
com o coração apertado, uma sensação estranha que me remeteu para
situações vividas em outras momentos onde também me senti assim. Em
abril de 1984, eu ainda não podia votar, mas comprei no camelô, em BH,
com meu salário de auxiliar de serviços gerais, uma camiseta amarela com
os dizeres "Eu quero votar para presidente". Naquela época, o clima nas
ruas era como hoje. A população mobilizada
pressionado o congresso, muitos comícios, muitos artistas se
posicionado. Apesar do clamor popular, a emenda "Dante de Oliveira"
que tinha como objetivo restaurar as eleições diretas para presidente da
República no Brasil, foi rejeitada pela Câmara. Não conseguimos os 2/3
de votos favoráveis e por muito pouco, a eleição de 1985 foi mais uma
vez, indireta. Tancredo Neves X Paulo Maluf (candidato com apoio dos
militares). Lembro que assisti a eleição pela TV. Lembro da atriz Beth
Mendes, em um discurso emocionado, que contrariou a orientação do seu
partido (PT) à época, e votou em Tancredo Neves, o que lhe valeu a
expulsão. As expectativas em relação à Tancredo Neves eram altíssimas e
foi na mesma proporção a frustração quando ele morreu, sem sequer tomar
posse. Em seguida foram 4 anos de política econômica desastrosa do
governo Sarney. Em 1985, eu então, com 19 anos, votei pela primeira vez
em Luiz Inácio Lula da Silva. Mas Collor foi eleito com uma margem de
cerca de 4 milhões de votos. Foram 4 anos administrando a frustração e
sentido na pele os efeitos do governo Collor, para em 1989 viver tudo
novamente, dessa vez no primeiro turno. Mais 4 anos lambendo as feridas e
alimentando esperanças para tudo se repetir nos anos seguintes perdendo
duas vezes para FHC. A cada campanha lá íamos nós para a praça, com
nossas camisetas vermelhas. Lembro de um dia inteiro, debaixo de chuva
na Praça da Estação esperando a hora para ouvir o Lula falar. Por isso,
hoje, o coração está apertado. Nunca consegui viver alheia aos
acontecimentos políticos do meu país. Fico feliz que muitos amigos meus
estão juntos comigo desde aquela época e continuam colocando a cara no
sol, sem medo de se posicionar. O dia promete! #NãoVaiTerGolpe
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domingo, 24 de abril de 2016
Não vai ter golpe
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