sexta-feira, 29 de abril de 2016

Barquinhos de papel

Nada como um dia após o outro, e uma noite no meio. De preferência bem dormida. Fui dormir desanimada, triste. As amigas tentando me consolar. Mas dormi bem, a noite toda. Só acordei com o despertador me chamando para a caminhada. Na volta, foi colocar os pés em casa, e caiu um torô. Choveu grosso, encarreirado, como diz Adélia em seu poema. A temperatura baixou um pouquinho e como a mãe do poema de Adélia, também decidi, inspirada: mingau de couve com carne de porco para o almoço. Daqui a pouco Seo Domingos passa com sua charrete de verduras. Vou comprar. Os sabiás estão duplamente felizes. Primeiro, porque de tanto chamarem a chuva, ela veio. E segundo, porque estão se banqueteando com os abacates caídos do pé. Passarinho gosta de chuva. Já reparou? Da janela da cozinha vejo uma andorinha no fio da rede elétrica. Ela levanta a cabecinha, se estica toda e abre o bico. Depois, abre as asas como se fosse voar, mas fica ali, quietinha. No pé de acerola da vizinha tem 2 sanhaços azuis, lindos. A chuva cessou, mas é possível ouvir o som da enxurrada. Lembrei da infância e da mãe brigando com a gente porque, em dias assim, arrancávamos páginas dos cadernos para fazermos barquinhos de papel. Não resisti. Arranquei uma folha, dobrei ao meio, depois as pontas, fiz um chapeuzinho de soldado, prendi dos lados, dobrei de novo, de novo e eis o barquinho. Fui até a porta da rua e o coloquei na enxurrada. Depois, fiquei feito boba, vendo ele descer rua abaixo. Às vezes me acho tão ridícula...

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