segunda-feira, 11 de abril de 2016

Chimamanda N. Adichie

Hoje, eu consegui organizar um pouco os meus papéis, cadernos e livros. Pra mim é extremamente simbólico quando consigo fazer isso. Aos poucos, o ano de 2016 vai começando pra mim. A defesa da tese significou a retirada de um grande peso dos ombros. Ao tentar organizar os livros, percebi quantas obras interessantes adquiri, ainda que compradas usadas na estante virtual. Sonho com o dia em que terei todos os meus livros juntos de mim. A maioria está na casa da minha amiga Mariza, mas tenho também, alguns ocupando espaço no armário da minha irmã, Luia. Essa é uma das desvantagens de ser uma "sem casa". Eu estava com quatro caixas de papelão ocupando os bancos da cozinha, que agora, estão liberados. Às vezes me irrito pela falta de funcionalidade dessa casa. Dia desses, um visita me perguntou: "como sua mãe conseguiu criar 10 filhos aqui?". Expliquei pra ela que na época, a casa era menor ainda. Minha tese foi escrita na mesa da cozinha, que é onde fica meu notebook, junto com os vidros de pimenta do meu irmão, a lata de pão e o óleo aromatizado com manjericão da horta. Meus cadernos e notas de campo estão todos manchados de gordura e molhos. Nos dias em que o astral começa a baixar e eu fico ansiosa por um emprego e um cantinho meu, como sempre, a literatura vem e me salva. Desta vez, foi Chimamanda e seu "Hibisco roxo". Quando Kambili, a protagonista, foi com seu irmão Jaja visitar a tia paterna, ela ficou assustada com o contraste entre a sua casa grande e confortável e a da tia, uma professora universitária, que mora em uma pequena casa no campus da universidade, onde cria 3 filhos. No quarto de tia Ifeona, a cama divide espaço com engradados e sacos de arroz; na mesa onde a professora prepara suas aulas, os livros ficam ao lado de latas de leite e chocolate em pó. Malas ficam empilhadas no canto, junto a duas cômodas, um espelho, uma escrivaninha e uma cadeira. Mas, apesar da vida de privação das coisas materiais, Kambili se assusta com a maneira como seus primos são criados, com liberdade, com riso, com música. Aí eu lembro da passagem do livro, onde Amaka provoca a prima e diz: "- "Eu quase só ouço músicos nativos. Eles são socialmente conscientes; têm algo a dizer." Então, eu me acalmo, e em homenagem a Amaka, coloco Fela Kuti e Onyeka para tocar e uma atmosfera mágica toma conta da cozinha.

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