domingo, 3 de abril de 2016

Domingo

O vestido de chita de florzinhas me lembrou mamãe. Mesmo feitio: mangas, gola, bolsos e alguns botões. Nos pés uma sapatilha moleca preta e meias brancas que iam até um pouco acima da canela. O lenço florido amarrado na cabeça deixava escapar uns poucos cabelos brancos e crespos.
- "Ô minha filha, cê faz favor de ver quanto custa esse frango aqui, pra mim? É que a vista não tá boa mais não. Faz é tempo!"
Informei o valor. Ela retirou um pacotinho que carregava junto aos seios. Um saquinho plástico com algumas notas dentro.
- "Faz favor de ver se esse dinheiro dá para pagar"? Contei as notas amassadas.
- "Dá sim, senhora. E ainda sobra troco."
- "Será que dá pra levar um refrigerante?"
Fiz as contas.
- "Dá, sim!"
- "É que os menino vem almoçar comigo hoje. E criança, cê sabe, como é, né? Gosta de uma porcaria... Tenho cinco netos..
- "Que beleza! Dá, sim senhora. Dá pra levar o frango e o refrigerante. E sobra até para umas balinhas." Eu disse, sorrindo.
- "Deus lhe pague, viu? Ocê é uma moça muito boa. E bonita!"
- "Amém. Obrigada."
E saiu num passinho curto, arrastado, me deixando com o coração apertado, com uma saudade de ter mãe...

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