sexta-feira, 3 de março de 2017

Tempo, tempo, tempo...

Com o fim do horário de verão, minha preferência é caminhar pela manhã. Mas gosto de ir antes do sol nascer. Hoje, saí às 5:30h. Aquele momento em que "a manhã chegou, mas ainda é noite." Os sinos tocaram rapidamente. Foram apenas alguns segundos, quase que a pedir desculpas por acordar quem não ia rezar.
A algazarra dos passarinhos, os galos tecendo a manhã...
Dia desses, um amigo me falou a respeito de um texto que escrevi e enviei para ele ler, que meus dias são marcados, além das horas, por minhas rotinas domésticas. E que isso me traz uma dinâmica que no fundo, no fundo, não quero mudar, mas fazer valer. Lógico que essa é uma leitura de segunda mão, feita por sobre os ombros do meu amigo. Eu lendo a leitura que meu amigo fez de mim. Mas concordo com ele. Penso que Baldim me proporciona isso. Me desacelera, me permite sentir o tempo de um outro modo.
Daí, lembrei da monja coreana, Jeong Kwan, que também é cozinheira num templo na Corea do Sul. Ela diz que comida não é só pra língua, mas também para os sentidos: corpo, sensação, percepção, intenção e consciência.
Uma boa metáfora para a vida.
O redator do "The New York Times", Jeff Gordinier, que teve a oportunidade de experimentar a comida de Jeong, disse que o tempo é um ingrediente fundamental na alquimia dos alimentos. Você separa os ingredientes, acrescenta os temperos, mas é o tempo que vai proporcionar a transformação.
É isso! Precisamos do tempo e dos sentidos para perceber o mundo e digerir as coisas. Corpo, sensação, percepção, intenção e consciência. E, precisamos do tempo para que a transformação aconteça.

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