domingo, 14 de fevereiro de 2016
Toda mãe tem créditos com o Universo
Eu tenho um filho de 13 anos. Hoje, eu olho pra ele e não acredito que
chegamos até aqui. Criei o João praticamente sozinha. Digo praticamente,
porque outras mulheres me ajudaram nessa tarefa. Teve a Sandra que foi
babá dele por 3 anos. Dona Eliane, uma vizinha, que muitas vezes o
buscou na escolinha pra mim. Teve minha irmã Enir, que durante alguns
meses ficou com ele, enquanto eu dava aulas à noite. Quando fui para
Viçosa fazer mestrado, em 2007, João tinha 4 anos. Lá, além
da Roberta, da Penha, da Jaqueline, da Janaína, da Helcilene, teve
inúmeros amigos que sempre me salvaram em horas difíceis. Mesmo assim,
João me acompanhou muito nas reuniões de orientação e foi muitas vezes
dar aulas comigo. Desde pequeno, sempre me acompanhou em trabalho de
campo, encontros e seminários. Já juntou duas cadeiras e dormiu,
enquanto eu assistia aulas no doutorado. Já portou crachá de
participante em congresso e até pergunta fez para palestrante. Hoje, já é
independente, sai sozinho, faz sua comida e é quem, com sua mão enorme
segura a minha na hora de atravessar a rua. Retribuindo o cuidado, é ele
quem adverte: "prest'atenção, mãe! olha o carro aí! Nos shows que vamos
juntos, ele, que já mede 1,74 m, sempre procura um lugar melhor para
que eu, do alto (ou melhor, baixo) dos meus 1,55 m, consiga ver o
palco. Mas foi muita estrada para chegar até aqui. Esse final de semana
recebi "visitas". Entre elas, uma mãe com seus 3 filhos. Três! Eu olhava
admirada pra aquela moça, ainda tão jovem, que não tirava os olhos da
maiorzinha de 9 anos que brincava na piscina e que, enquanto com uma mão
segurava um bebê de 11 meses, com a outra tirava a blusa do outro, de 2
anos. Vez ou outra o pai vinha e a "rendia", mas o "batidão" era mesmo
com ela, que com uma paciência de Jó, trocava fralda, preparava
mamadeira, ajudava no almoço, lavava a louça, preparava o suco.
Incansável! Ou melhor, cansada, muito cansada... Eu olhava pra ela e
lembrava dos perrengues que passei criando "apenas um" e minha admiração
e respeito por aquela mulher ia aumentando ao longo do dia. Lembrei da
música "Mãe", do Emicida: "o peso do mundo nas costas de uma mulher"..."
"Luta diária, fio da navalha. marcas? várias. senzalas, cesáreas,
cicatrizes, estrias, varizes, crises. tipo lulu, nem sempre é so easy.
Pra nós punk é quem amamenta, enquanto enfrenta as guerra, os tanque, as
roupas suja, vida sem amaciante." Criar filho não é brinquedo, não! Mas
eu ainda sigo sonhando com o "tempo onde as mina não tenha que ser tão
forte". Toda mãe tem créditos com o Universo!
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