quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

De volta pra casa

Enquanto eu subia as escadas do avião no aeroporto, em Florianópolis, não consegui segurar as lágrimas. Há cerca de 5 anos, fazíamos o caminho inverso. Eu, o menino e duas malas. 5 anos, 2 países, 4 cidades e 6 casas depois, faço o caminho de volta. Em uma das mãos, a bolsa com a cópia da ata de defesa da tese, que segurava firme, como segurava os poucos euros com medo de perdê-los, quando chegamos em Lisboa, em setembro de 2013. Na outra mão, aperto junto ao peito, o último mimo recebido na Ilha: um pacote embrulhado em papel pardo, amarrado com um barbante e uma casca de canela. Esse povo é fashion até para fazer embrulhos. A recomendação era abri-lo somente no avião. Já no ar, vendo a Ilha do Campeche, pela janelinha, desfiz o laço do barbante e fui apresentada à escritora indiana, Arundhati Roy e ao, também indiano, Aravind Adiga. Junto aos livros a mais linda carta que já recebi, onde li: "Porque você, Dalva, é artesã de palavras comuns, das habituais, das de todas os dias e com elas você, artesã/autora, já abala o mundo." A comissária de bordo precisou buscar um copo d'água para eu me acalmar, porque não consegui segurar o choro. Quando digo que sou rica de amigos é disso que estou falando.

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