domingo, 14 de fevereiro de 2016

Portugueses

ando com os portugueses na cabeça. alberto caeiro e seu poema que diz que é preciso mais do que abrir a janela para ver as coisas, que não é suficiente não ser cego para enxergar. aí lembro de outro, do velho saramago e de seu ensaio sobre a cegueira. o que realmente se vê quando se é cego? outra portuguesa, a sofhia de mello breyner, quando procurava um lugar para morar, em lisboa, ouviu da mãe que o importante numa casa é dentro e não fora. a poeta então respondeu: "não, eu preciso chegar a janela, uma casa tem que ter vista". eu aqui, tenho vista. aqui, reaprendi a olhar para o céu e para o chão. a pôr reparo no miúdo, no pequeno. o pé de abóbora que brotou do lixo orgânico, jogado displicentemente pela janela da cozinha. os velhos potes de sorvetes transformados em carrinhos e largados no monte de areia, quando a mãe chamou para o banho. a manga que foi chupada até o caroço e depois jogada no monte de entulho, brotou e cresce indiferente ao lixo à sua volta. a florzinha que nasce no barranco, mesmo sem ter sido semeada. é que para enxergar é preciso não ter filosofia nenhuma, diz o poeta. pôe reparo pr'ocê vê

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