domingo, 14 de fevereiro de 2016
Maria
Ontem, Maria veio me visitar. Adoro receber suas visitas. Maria é
daquelas pessoas de coração puro, incapaz de fazer maldade a alguém. Já
sofreu muito nessa vida. Hoje, viúva, sem filhos, vive uma vida
tranquila, cuidando das suas 'criação' (cachorro, gato, galinhas) e do
seu quintal. Parece uma personagem saltada dos romances de Guimarães
Rosa. Nunca chega de mãos vazias. Num dia trouxe ovos caipira; noutro,
um punhado de 'boas sementes' de quiabo ou de milho. Outro dia, trouxe
corante, feito por ela, do urucum do seu quintal. Ontem, trouxe
jabuticaba. "Você precisa ir lá, Dalva! Chupar a jabuticaba no pé. Mas,
como eu sei que você não sai de casa, eu resolvi trazer." Nossas
conversas giram em torno das 'criações' de Maria. Ontem, ela contou
indignada que o danado do cachorro conseguiu entrar na horta e destruir
tudo que ela tinha plantado, no dia anterior. Não teve jeito, ela teve
que lhe dar umas 'lambadas' para ele aprender sobre o 'mal-feito'. Maria
já trabalhou muito na roça, conhece a ciência das sementes e da terra.
Ela sempre ri das minhas tentativas de plantio. "Não pode ser assim,
Dalva", "Agora não é época","tem que capinar primeiro". Em vão, ela
tenta me ensinar. Ontem, ela viu minha meia dúzia de pés de feijão.
"Precisa panhar essas bajecas, Dalva". É uma delícia essas 'bagens'
novas. Maria Luca me enche de esperança no mundo. Seus olhos veem o
essencial da vida. Sua simplicidade deixa meu 'coração amolecido como
um figo na calda'. Viva Maria!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário