domingo, 2 de agosto de 2015

Alma de artista

Eu tenho vocação para artista. É sério!

Tudo começou quando fui alfabetizada e descobri o universo da leitura. Lembro de passar as tardes na biblioteca municipal que ficava na prefeitura de Baldim. Li todos os livros infantis que havia lá: "Camilinha no país das cores", "Camilinha no pais da beleza". Lília Malferrari era minha escritora preferida nos meus 7 anos de idade. Lembro que a bibliotecária, sempre muito carinhosa, me sugeria livros e eu adorava ficar ali; só eu, ela e aquelas prateleiras todas de livros só pra mim.

Talvez por causa da leitura comecei a gostar de escrever, até fui premiada em um concurso de redação no município. Fiquei em segundo lugar, mas como o menino que ficou em primeiro não estava na cidade, a minha redação é que foi para Sete Lagoas concorrer com as outras selecionadas nas escola do Estado. Poderia ter sido uma escritora.

Depois entrei para a Banda do Seu João de Afonso, era o destino de toda criança baldinense. Ainda hoje, muitas seguem esse caminho. Sonhava em tocar a clarineta e o sax, mas ele nos torturava, antes, com as aulas de teoria musical nos ensinando a ler as partituras. Lembro que um dia solfejei tão bem, sem um errinho sequer, que Seu João ficou tão impressionado, que me deu os parabéns e ele nunca fazia isso. Poderia ter sido cantora, pois até hoje sou bem entoadinha.

Teve também os teatrinhos dirigidos pelas irmãs Rosali e Roseni. Lembro de uma seleção que elas escolheriam a protagonista para uma peça que elas estavam escrevendo. Eu tive que improvisar uma cena romântica com um garoto, mas foi um desastre. Perdi o papel e a peça "Quem matou o fazendeiro" foi protagonizada por outra menina. Teve até bilheteria. Hoje, quando vejo atores e atrizes como Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa, João Miguel, Hemila Guedes, Alice Braga, fico com a impressão que a arte de representar é uma das coisas mais fáceis do mundo.Quem dera eu ter 30 anos a menos e me matricularia, hoje mesmo, num curso de teatro.

Teve também a dança. Fui rainha da discoteca no final da década de 1970. Ganhei vários concursos na discoteca Punk que havia na praça e no Midlab, clube da cidade. Até recebia convites para dar aulas de dança. Assistia todos os videoclipes  na Tv, para depois dar show aos finais de semana, ao som dos Bee Gees, Diana Somer, entre outros. Quando colocava a minha sandália "francesinha" e a saia rodada, não tinha pra ninguém, me transformava numa "Sandy" e não faltavam "Tony(s) Manero(s) querendo dançar comigo e transformar todos os sábados em "Saturday night fever".

Mas o tempo passou e não virei artista. Sou só uma mulher do povo, mãe de filho e com um desejo enorme de ser "Adélia". Ainda buscando me acostumar com a ideia de ser uma jovem senhora de 49 anos. Mas, como Adélia mesmo diz: "não posso mais fazer curso de dança, escolher profissão, nadar como se deve."... Fazer o quê, né?

Mas continuo com a alma de artista.

Um comentário:

  1. Ter alma de artista é uma arte!
    Qual a idade pra ser artista?


    Encontrei o seu texto procurando "Camilinha no pais das cores", que livro maravilhoso não?!

    Beijos

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