domingo, 16 de abril de 2017

Patriazinha

De volta à minha patriazinha, matando a saudade da janela azul, do morro, de Fridinha, do Scooby, das histórias do meu irmão e dos debates com o menino. De madrugada ouvi cantos, não sei se foi sonho ou se era alguma atividade da sexta-feira santa. Agora o silêncio é tão bom que dá para ouvir o bater agitado das asas do beija-flor no bebedouro. Já andei pelo quintal. Minhas perpétuas pegaram. Também pegaram a cebolinha e o manjericão que o meu irmão plantou para a hortinha de apartamento que estou montando em BH. O menino precisa cada vez menos de mim; e eu, embora muito orgulhosa do homem que ele vai se tornando, sinto uma certa orfandade. Ele já lava a própria roupa, arruma a casa, dá banho nos cachorros, se vira com a própria comida. Eu sei que é um processo importante, mas no fundo, no fundo, fico com um sentimentozinho de culpa nos dias que ficamos longe um do outro. Ontem, ele bravo, observou que eu sujei o fogão que ele tinha deixado limpinho. Sugeriu que eu comprasse aqueles protetores de papel alumínio, "porque agora sabe como é chato limpar o fogão todo dia". Também chamou a atenção do tio que chegou com o pé sujo do trabalho e ele estava limpando a casa. No supermercado nem ligou para os ovos de páscoa, mas lembrou que precisávamos comprar detergente. Daqui a uma semana ele completa 15 anos. 15 anos. Parece pouco, mas é um tempo considerável. E eu sigo vivendo cada dificuldade e cada delícia dessa viagem que é colocar uma criatura no mundo. Queria um mundo melhor pra ele, mas penso que tô contribuindo com uma pessoa melhor pra esse mundo horrível do jeito que tá.

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