sábado, 29 de abril de 2017

O hip hop é foda!

Enquanto o menino fazia a tarefa da escola, ouvia rap. A tarefa era copiar uma prova sobre geografia da Ásia. Geografia. da. Ásia. Tipo, clima. da. Ásia. Setentrional. Na TV, rolava o vídeo do "Poetas no topo 3", uma cypher que juntou 8 rapper, 2 deles mulheres. Uma delas é a Clara Lima, a Clarinha, aqui de BH. Não deve ter 18 anos, mas rima desde a adolescência, enfrentando o racismo nas batalhas de MC's embaixo do Viaduto Santa Teresa. O verso da outra rapper, Drik Barbosa, [pesado, como diria o menino] é recheado de referências feministas. Drik fala da invisibilidade da mulher negra e cita o filme "Estrelas além do tempo", fala do extermínio da juventude negra e da morte do garoto João Vitor em frente ao Habib's, fala de feminicídio, da solidão da mulher negra, fala das suas referências que vão de Lauryn Hill, passando por Dina Di, à filósofa Djamila Ribeiro. Drik fala de machismo em suas rimas. Isso só no verso da Drik. A cypher tem 8 versos. Eu devolvi para o menino uma provocação que ouvi na semana passada do professor Carlos Rodrigues Brandão: "onde está a educação?". Segundo o professor, às vezes ela está onde nem imaginamos, e não onde deveria. Eu, enquanto mãe e professora, agradeço todos os dias o menino ouvir rap. Não sei nem mensurar o tanto que ele já aprendeu. Bendito o dia em que o tio aplicou Racionais MC's naquele garotinho de 8 anos.

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