domingo, 16 de abril de 2017

Cadê a janela azul?

Hoje não acordei boa não. O coração apertado... Tive um pesadelo à noite, horrível. Levantei assustada e o menino ainda acordado, ao celular. Briguei! "Mas amanhã não tem aula, mãe! Esqueceu? Os professores estão em greve!" Não quis nem saber. Xinguei! "Onde já se viu? Não larga esse celular! Os fones o tempo todo nos ouvidos. Não me ouve chamar, eu fico falando sozinha o dia todo! blá, blá, blá..." Tá certo, mãe! Já vou dormir!" Como sempre, ele evitou o conflito. Eu xinguei mais. Para não deixar dúvidas que exerço bem o meu papel de mãe. Ele apagou a luz e foi deitar. Tentei dormir, mas a adrenalina do pesadelo me atrapalhou. Ainda fiquei acordada, virando na cama pra lé e pra cá, o que me irritou ainda mais, pois detesto perder o sono. De manhã, o café me fez bem. Lembrei que é aquele comprado da agricultura familiar, de um casal da zona rural de Simonésia. Preciso comprar mais desse pó. Não é igual ao de Cuba, mas é bem melhor do que os do supermercado. Evito as notícias sobre os golpes diários. É uma maneira de me preservar, não quero adoecer, nem pegar melancolia. Fico na dúvida se estudo para o concurso ou se preparo aula. Resolvo lendo um conto do João Gilberto Noll que apareceu na minha TL. Morreu, o moço. 18 livros publicados, 5 prêmios Jabuti e eu nunca havia lido nada dele. Que mundo eu vivo, meu deus? Como diz a minha irmã, as nossas bolhas, às vezes, funcionam como uma espécie de coma. O mundo lá fora, girando, girando... E a gente sem saber direito o que acontece. O conto do Noll me deixou ainda mais perturbada. Nem sempre a literatura me aquieta, às vezes me perturba mais. Não gosto de me sentir assim. Cadê minha janela azul? Cadê o morro, o beija flor vigiando o bebedouro? Cadê Fridinha e Scooby enrodilhados perto de mim? Só ouço o barulho que não cessa, vindo da avenida Antônio Carlos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário