sábado, 3 de junho de 2017

O inferno precisa existir

Acordei às 5:30h e não consegui mais dormir. É muito dinheiro, gente! Este país não precisava ter nenhuma criança sem escola, nenhum pai ou mãe de família sem emprego, nenhum homem ou mulher sem dente, sem alegria. Aqui, ninguém precisava passar fome, não. Porque fome não é coisa nem pra bicho, muito mais pra gente. Um país deste tamanho! Não precisava nenhum agricultor sem terra, nenhum indígena sem chão, sem rio, sem mata. Eu, que aprendi com meu pai, Seo Zezinho, que você tem que honrar seus compromissos. Se você não tiver dinheiro para saldar uma dívida na data combinada, que pegue emprestado com outra pessoa, mas precisa zelar por seu nome, o bem mais precioso do pobre, e assim terá sempre crédito. Com minha mãe, Dona Dulce, aprendi que não se pode gastar mais do que se ganha. Que é possível viver com pouco. Ela que tinha 3 ou 4 vestidinhos de chita, um par de chinelos, uma, veja bem, UMA sapatilha moleca, uma blusa de frio e só! Gostava mesmo era da dispensa sempre cheia, com medo de passar fome novamente. Dona Dulce que nos ensinou que não se pega o que não é seu, nem um lápis ou borracha, nada! Meu deus do céu, eu não consigo compreender. Transcende o meu entendimento. Não tenho capital cultural para dar conta de tanta ganância. O inferno precisa existir, porque o nosso a gente já vive aqui. Amém!

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