domingo, 11 de dezembro de 2016

Segundo dia em Cuba

Nada como um dia após o outro. E uma noite no meio, de preferência bem dormida. Apesar do barulho da rua, consegui dormir bem. A tarefa do dia era fazer a inscrição na Conferência. Não sei por que cargas d'água havia entendido que aconteceria na Universidade de Havana e estava toda contente, pois hospedada em frente, bastaria atravessar a rua. Foi o que fiz, logo depois do café. Atravessei a rua  e fui tentar descobrir onde aconteceriam as discussões. Apesar de não falar espanhol, consigo compreender bem, mas não conseguia me fazer entender, falando em português, ainda que pausadamente. Aproveitei para conhecer o prédio, belíssimo, por sinal, onde Fidel estudou e se fez revolucionário.

Com muito custo descobri que o evento aconteceria no Instituto Cubano de Antropologia, em Havana Velha. Decidi então, tentar me conectar à internet para acessar os dados da Conferência e descobrir, enfim, o endereço. Também precisava mandar notícias pra casa. Acostumados que somos a ficar conectados 24 horas, foi uma dificuldade perceber como a internet em Cuba é ruim. Fiquei lembrando o tanto que reclamo da Interset, a empresa que fornece internet em Baldim e decidi que nunca mais reclamaria do acesso, muito melhor do que o de Cuba.

Não foi tão fácil como pensei e resolvi pedir ajuda para Aurélia, a dona do apartamento que me hospedou. Ela havia deixado comigo um celular para que eu gritasse por socorro se precisasse de ajuda. Por telefone, nossa comunicação ficava ainda mais difícil e ela não compreendia nada do que eu dizia, mas veio encontrar comigo, no final da tarde, depois do trabalho.

Aurélia uma engenheira agrônoma empoderada,  veio rapidamente em meu socorro, descobriu o endereço, chamou o marido e me levou, de carro, até Havana Velha, com o cuidado de ir pelo Malecón. "Relaxe e aproveite a paisagem..." ela disse. A cada prédio, a cada construção, ela e o marido me davam uma aula de história e cultura.

É impossível andar por aqueles prédios históricos e não pensar nas relações coloniais. Não tem como não pensar na sociedade de consumo, não tem como não pensar nas prioridades na vida de uma pessoa, de um país, que com pouco dinheiro  precisou definir prioridades. O que Cuba escolheu priorizar? Educação e saúde. Não tem como não pensar na perversidade do embargo econômico.

O tema da revolução é recorrente nas conversas. Havana Velha está lotada de turistas, por todos os lados. Fiquei pensando o que seria Cuba sem a revolução. Com certeza seria um resort de luxo dos americanos e o povo cubano seria mão de obra barata.

Aurélia e o marido me levaram até a porta do Instituto, me ensinaram como chegar e ainda combinaram com um coco taxi, uma espécie de triciclo, que me buscasse no dia seguinte, em Vedado.

Na terça feira, primeiro dia do congresso, quando olhei pela sacada do apartamento, aquele veículo amarelo, meio carro, meio moto, em formato de ovo, já me aguardava na porta do prédio.

2 comentários:

  1. Quando chegar o final vou ficar de banzo tb. Pressinto! !!!!

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  2. SORVO CADA PALAVRA SUA COMO SE FOSSEM MINHAS MEMÓRIAS, QUE NÃO CHEGUEI A TER.

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