quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Quinto dia em Cuba

 Dia de apresentação!
Antes de descer para o Instituto, passei na pracinha, ao lado de casa, para acessar a internet e ver se o Brasil ainda estava de pé.  Uma passada de olhos, rápida, nos posts no facebook foi suficiente para  desaparecer a vontade de voltar ao Brasil. Medo, medo, medo do que está acontecendo e do que ainda pode acontecer. Evitei ler as notícias para não me sentir culpada pelas horinhas de descuido que estava vivendo.

Na praça, homens e mulheres idosos faziam tai chi chuan. Um adolescente passou com um skate debaixo do braço, o que aumentou ainda mais as saudades do menino. No facebook vi fotos dele na excursão com a escola.

Quando cheguei ao Instituto, minha amiga, Ariele, já se preparava para fazer a sua apresentação. Estava linda com um vestido colorido e arrumava duas bandeirinhas de Cuba sobre a mesa. Sua apresentação foi impecável, feita em espanhol, muito elogiado, por sinal. O trabalho era sobre os meios de comunicação no Brasil e ela falou sobre o lugar que eles ocuparam na consolidação do golpe. Falou ainda sobre o machismo e a misoginia que a Presidenta Dilma sofreu. A apresentação foi muito elogiada e eu fiquei orgulhosa da minha amiga.

Logo após a apresentação de Ariele, fui rapidamente para o meu grupo de trabalho sobre Antropologia das Religiões. Apesar de ter apresentado em português, consegui me fazer entender e recebi muitos comentários sobre o trabalho. Todo se impressionaram com a trajetória singular da Capitã Pedrina e fiz muitos contatos com professores interessados em trocar figurinhas sobre as religiões afro no Brasil.

Só conseguimos almoçar no final do dia. 

À noite fomos a um show de rap cubano. Antes, passamos na casa da minha amiga para deixar o computador. Não tem como andar pelas ruas de Havana e não fazer análise o tempo todo. 

No caminho havia uma movimentação diferente em uma das ruas. Uma bandeira de Cuba hasteada, música e várias pessoas em frente a uma das casas. Ariele, como sempre, muito extrovertida e com seu espanhol sempre elogiado se aproximou e perguntou o que era. Um rapaz jovem, de cerca de vinte e poucos anos nos explicou que ele era um delegado municipal que prestava contas sobre o seu mandato. Nos perguntou se conhecíamos o sistema de representação político de Cuba e quando questionamos aos moradores sobre o seu trabalho, eles disseram que sim, ele trabalhou muito pelo bairro.


Pegamos um táxi e fomos para o bairro Vedado onde aconteceria o show de rap em comemoração ao Dia Internacional de Combate a Violência Contra as Mulheres. Enquanto o espaço  não abria fomos caminhar pelo Malecón e sentir a brisa do mar. O show contou com várias "rapeiras" com suas rimas feministas. A cena Hip Hop em Cuba é forte. 

Como o cansaço era muito, não conseguimos ficar até o final. Decidimos ir embora, pois no dia seguinte era o último dia do Congresso e teria festa com direito a comida e música cubana e precisaríamos estar bem dispostas.


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