quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Quarto dia em Cuba

 Acordei cedo para ensaiar minha apresentação, pois não queria deixar tudo para a última hora. Já que apresentaria em português, precisava falar pausadamente, o que comprometeria os 15 minutos que teria. Cronometrei o tempo e consegui me organizar de modo a ficar dentro do previsto.

Tentei negociar com um taxista para reduzir o valor da corrida, mas dessa vez, não consegui. Fui de coco táxi, que me deixou bem longe do Instituto. Aproveitei para ir apreciando a arquitetura. Na Praça das Armas, várias turmas de crianças uniformizadas faziam aula de educação física,algumas jogavam futebol. Lindo de ver aquelas crianças uniformizadas, ocupando o espaço público, misturadas aos turistas.

Assisti à mesa sobre Antropologia das religiões com várias apresentações sobre práticas religiosas de matriz africana, em Cuba. E eu, que pensava que só existia Santeria. Não sabia de nada, inocente! Depois, fui para o grupo de trabalho que discutia Antropologia e processos educativos. Assisti a apresentação "Educação intercultural antirracista: uma proposta para a superação do docente universitário cubano". Gostei muito! Racismo em Cuba é um tema que me interessa. Anotei o contato do expositor para trocarmos  figurinhas depois.

À tarde fui dar um rolê com minha mais nova amiga brasileira. Entramos num hotel para acessar a internet. Apesar da cabeça estar a mil, os textões teriam que ficar para depois, pois o acesso era caro e complicado. Andamos pelas ruas de Havana Velha, em meio àquelas conversas sem fim. Pelas ruas muitas, mas muitas manicures com uma infinidade de esmaltes. As cubanas são muito vaidosas. As unhas estão  sempre pintadas, os cabelos arrumados, muitas bijuterias.

Almoçamos num paladar super charmoso uma comida estilo master chef. No restaurante um casal de brasileiros se aproximou e ficamos horas conversando sobre o impacto que Cuba provocava em nós.


Na ida pra casa paramos numa livraria. Na vitrine um livro infantil de Frei Beto. Passamos no Comitê Municipal do Partido Comunista de Havana Velha. Fotos de Fidel e Chê Guevara por toda parte.Depois  paramos para conversar com as funcionários de um museu. Na porta três cachorros identificados com crachás onde traziam o nome, a qual instituição pertenciam, que eram esterilizados e um pedido: "não me maltrates". Em vários locais vi cães com essa identificação, inclusive na Universidade de Havana. Quando descobriam que éramos brasileiras, todos falavam das novelas brasileiras, que há anos, passam em Cuba.

Era o quarto dia em Cuba e eu já sofria em ter que ir embora.

Na hora de dormir, fui ler "Recordações de amar em Cuba" do Oswaldo França Júnior e ele falava do encontro que teve com Fidel quando participou como jurado do prêmio do concurso literário Casa das Américas. França Júnior falava da intimidade de Fidel com Frei Beto. Fui dormir pensando em como os livros de Frei Beto foram importantes para despertar em mim admiração pela Ilha, pelo socialismo e um desejo de conhecer Cuba.

Dormi pensando na minha apresentação que aconteceria no dia seguinte.

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