Acordei
com o sabiá no telhado, chamando chuva. Fiz corpo mole, não quis
levantar. Os sinos chamaram pra reza. Continuei na cama. Em seguida,
chegou um coro de vozes, amplificado pela acústica da igreja. Era um
canto tão bonito, expressando tanta contrição, que senti obrigação
moral de levantar. Afinal, já tinha gente rezando. Me aprontei, peguei
minha maquininha e fui!. Durante a caminhada me distrai
com os jardins das casas. Essa mania de sentir atração pelo miúdo,
pelas coisas do chão. E não é que vi uma esperança na roseira? É! A
concreta, o bichinho verde. Preparei a máquina para fotografar. Mas, um
gato surgiu não sei de onde e abocanhou o esqueletinho. Não deu tempo de
nada! O bichano comeu a esperança! Eu segui meu destino com o coração
apertado. "Não perca a esperança, Dalva! Não perca!" Fui murmurando pra
mim mesma. E acabei encontrando-a, novamente. Onde? Estava lá, pendurada
na porta do Lar dos Velhinhos. Se o gato comeu a esperança concreta, a
abstrata ninguém tira de mim.
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