sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Esperança

Acordei com o sabiá no telhado, chamando chuva. Fiz corpo mole, não quis levantar. Os sinos chamaram pra reza. Continuei na cama. Em seguida, chegou um coro de vozes, amplificado pela acústica da igreja. Era um canto tão bonito, expressando tanta contrição, que senti obrigação moral de levantar. Afinal, já tinha gente rezando. Me aprontei, peguei minha maquininha e fui!. Durante a caminhada me distrai com os jardins das casas. Essa mania de sentir atração pelo miúdo, pelas coisas do chão. E não é que vi uma esperança na roseira? É! A concreta, o bichinho verde. Preparei a máquina para fotografar. Mas, um gato surgiu não sei de onde e abocanhou o esqueletinho. Não deu tempo de nada! O bichano comeu a esperança! Eu segui meu destino com o coração apertado. "Não perca a esperança, Dalva! Não perca!" Fui murmurando pra mim mesma. E acabei encontrando-a, novamente. Onde? Estava lá, pendurada na porta do Lar dos Velhinhos. Se o gato comeu a esperança concreta, a abstrata ninguém tira de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário