sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Alegria também é resistência
Ontem,
fui dormir acalentada, depois de uma conversa com uma amiga, que nem
conheço pessoalmente, mas que é como se convivéssemos desde a infância.
Ela, também mãe de filho, me falou coisas tão lindas que estou pensando
em imprimir nossa conversa e colar no armário, para me lembrar sempre,
toda vez que a vida me assustar. Acordei cedo e fui fazer a caminhada.Vi
o sol nascer, ouvi as siriemas, colhi
umas flores brancas, lindas, que não sei o nome. Essas flores que são
flores mesmo não semeadas, como dizia Drummond. Voltei pra casa, o
menino já se aprontava pra escola. Liguei o computador e começaram as
bombas: reforma do ensino médio, prisão do ex-ministro Mantega, no
hospital, enquanto acompanhava a esposa doente. Como li por aí, "que
ônibus a gente pegou para chegar neste ponto"? Volto na conversa que
tive com a minha amiga. Releio suas palavras, tento não me deixar
abater. Daí eu lembro do pequeno Dito, ensinando ao irmão Miguilim, em
uma das novelas mais lindas de Guimarães Rosa: "...é que a gente pode
ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece
acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre,
por dentro!" É isso! Alegria também é resistência! Já dizia o Emicida:
"nosso sorriso sereno, hoje, é o veneno, pra quem trouxe tanto ódio..."
Nossos inimigos são raivosos, mal humorados, cruéis, mas não vão nos
dobrar! Não vão, não!
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