quarta-feira, 1 de junho de 2016

Junho

Junho chegou. E com ele, o frio chegou. Se bem que por aqui, frio, frio, não faz não. Dá uma esfriadinha pela manhã e à noite, mas os dias são cheios de sol e calor, mesmo em tempos tão estranhos. Eu sigo olhando pro chão, dando valor as coisas desimportantes. O sol nascendo, o som dos passos no caminho pedregoso, o bando de periquitos camuflados no pé de eucalipto, a hortinha da dona Maria. A rama de batata doce toda florida, os pés de quiabo que já alcançaram o telhado, mas seguem produzindo, a couve que está uma lindeza e as mangueiras que já estão em flor, novamente. Paro para conversar com o moço, improvisando uma tela em volta da palmeira que já ia bonita, mas plantada rente à cerca, foi comida pelas vacas. Vaca é um bicho triste, já reparou? Fica ali, ruminando o capim por horas, aquele olhar perdido, estranho. O cavalo é bicho resignado, nasceu pra sofrer, coitado. Carregar peso, apanhar à toa, à toa. E cachorro? Cachorro fica ali, na espreita de qualquer sinal de afeto para virar o seu melhor amigo. Ele olha nos olhos da gente, já reparou? Parece que busca um sinal da humanidade que em algum lugar, perdida, lá no fundo, repousa adormecida. Se localizar, ele se aproxima, se não, ele sai desconfiado com o rabo entre as pernas.

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