domingo, 26 de novembro de 2017

Inveja

Quase tive um troço, lendo, agora, no "Grande Sertão: Veredas", o reencontro de Riobaldo com o menino. Agora rapaz, o Reinaldo. Lendo o cuidado e o carinho com que os jagunços tratavam os animais - cavalo, burros e mulas - lembrei de um prosa que tive com meu irmão, há alguns anos, logo que voltei para Baldim. Ele falava da época que nosso pai foi meeiro de grande fazendeiro. A pobreza em casa era muita. Cinco filhos. E meu irmão me contou:
"Sabe do que eu tinha inveja? Eu tinha inveja, inveja mesmo, era do filho do fazendeiro, que tinha um cavalinho todo arreado, com a selinha, ele todo paramentado, com chapéu e uma bota que ia até o joelho. Ele sempre passava com os peões da fazenda, todo empinado, tocando umas cem cabeças de gado. Cada qual num cavalo mais bonito que o outro. E nós... E nosso único cavalo... Mirradinho... O Bainho..."
Por isso Guimarães Rosa provoca tanto arcoçôo em mim. Seus personagens parecem saídos de dentro da minha casa. 

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