domingo, 26 de novembro de 2017

Das belezas sem dono

Riobaldo não gostava de ser jagunço, achava que não tinha nascido pr'aquilo. Não tinha braçagem pra matar, tinha pena de atirar. Diadorim ensinou Riobaldo a apreciar as belezas sem dono: o céu de estrelas em fevereiro, o cheiro forte das flores em abril, as cigarras em bando, o azul vivoso do céu no outono, o vento que não deixa juntar orvalho, o capim macio. Diadorim ensinou Riobaldo a gostar do silêncio, a obedecer quieto. O amigo era uma espécie de conforto na aridez do sertão. Diadorim deixou de ser nome e virou sentimento.

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