domingo, 7 de maio de 2017

Um armário

É muito ruim ficar longe desses dois. Daí, eu lembro dele me dizendo: "Foca na prova, mãe! É o nosso futuro que tá em jogo." E penso que, a ponto de completar 51 anos, ainda não consegui proporcionar nem um armário, tipo casas bahia, para o menino guardar os trenzinhos dele. Ficamos os dois, juntos, sonhando com a nossa casa, que um dia virá, é certo que virá. Um quarto pra mim, outro pra ele, um lugar para os livros. Um pôster do 2 Pac na parede, um suporte para a guitarra, outro para o violão, um cantinho para meus santinhos pretos, para a pomba do divino, para jarrinha do Jequitinhonha. O comigo-ninguém-pode, a espada de São Jorge e o vasinho de arruda na entrada, uma casinha pra Fridoca, nossa cachorrinha banguela, resgatada da rua. Daí, lembro que o nosso exercício nos últimos 10 anos tem sido o desapego e lembro da fala do meu amigo cubano: "João tem muito, Dalva. Só que não são coisas materiais." Daí, procuro acalmar o meu coração, porque o que acumulamos nos últimos anos, realmente não cabe em malas, e as nossas estão cada vez mais leves!

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