terça-feira, 16 de maio de 2017

Dia das mães

Que dia bonito o de hoje. Acordei com vontade de me esconder num abraço de mãe. Busquei uma foto antiga abraçando a minha, o menino no colo. Mas não foi suficiente. O desejo era tanto, que o Universo conspirou e Dona Geralda me chamou no portão. Veio com seu passo lento, joelho inchado, me cumprimentar pelo dia das mães. Contei pra ela que tudo que queria era um abraço como aquele, e que ela tinha adivinhado. Emocionada, ela falou: " Sei que não é igual ao da Dona Dulce, mas estou aqui." E me abriu os braços. Eu me escondi ali, naquele cadinho de afeto, e chorei. O perfume dela ficou em mim. Ela havia acabado de chegar da missa e durante o sermão, o padre disse que um abraço sincero é muito mais valioso do que um carro zero. Fiquei feliz por receber aquele presente. Depois, enquanto preparava o almoço, conversando com o menino, fui lembrando a herança que mamãe me deixou. Além da tira, que é um décimo da casa velha, com janela azul de tramela, herdei muitas outras coisas, mais valiosas, até. Com Dona Dulce aprendi a pôr reparo no miúdo, no pequeno, nas coisas desimportantes. Foi com ela que aprendi a viver dentro do orçamento, a gastar menos do que se ganha; e que, independente se pouco ou muito, fazer uma reserva é essencial; Com ela também aprendi que as coisas podem ser recicladas e que é possível viver com pouco, muito pouco. Ela me ensinou também que, se você deseja uma coisa, o seu querer tem que ser gigante, para não desistir diante das dificuldades que certamente virão. Dona Dulce também me ensinou que quando colocamos 'bistaques" [ela não conseguia falar obstáculo] nas coisas, é preciso avaliar bem, se no fundo, no fundo, não são desculpas simplesmente para uma falta de desejo. Foi ela - antes até do que as teorias feministas - quem me ensinou que o amor romântico é uma bobagem, que é preciso ser independente emocional e financeiramente, e que é possível viver bem e em paz, mesmo sozinha. Gratidão, Dona Dulce!

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