quinta-feira, 11 de agosto de 2016
Alvorada
Acordo às 5h da manhã com o toque dos sinos, seguido de banda de música e
foguetório. É a alvorada festiva. Começou a festa de agosto, festa do
padroeiro. Em seguida, ouço os tambores da guarda de Congo. Mesmo sendo
uma mulher de pouca fé, fico comovida com a devoção do outro. Scooby e
Fridinha ficam enlouquecidos com os fogos. Levanto e abro a porta pra
eles entrarem. Volto pra cama e fico ouvindo o "grande movimento". Cerca
de 1 hora depois, ainda estou entretida com os sons
que chegam da rua. Esqueço de chamar o menino que acorda sozinho e,
estranhando o silêncio, grita do quarto: "mãe, tá passando mal?" "Não,
tô só quietinha". Ele se apronta pra escola e no ritual diário, repete a
frase: "Mãe, me leva até o portão?" O acompanho e me despeço: "Boa
aula, filho!" Ligo o computador e o choque de realidade! Já ando confusa
sobre a matrix. Às vezes o mundo real é menos pesado que o virtual.
Onde me alieno? Na conversa com a vizinha, que segue alheia ao golpe, ou
nas tretas do facebook? O celular anuncia uma notificação. É uma pílula
de afeto que chegou, via whatsapp. A amiga de SP lendo Júlio Cortázar
pra mim e me convencendo que nos crespos da vida existe sempre uma
alegriazinha escondida. Ouço comovida o excerto numa voz doce de alguém
que não conheço pessoalmente, mas que já gosto tanto. Um outro mundo é
possível, sim! Que, apesar das horas brutas, você encontre a sua
alegriazinha, hoje. É o que lhe desejo. Porque é o afeto que nos salva.
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