sábado, 2 de julho de 2016

"Deem-me o céu azul e o sol visível"

Dia cinzento. Não gosto. Fico sem ânimo até para caminhar.
Como Adélia, eu também "procuro sol porque sou bicho de corpo. Sombra terei depois, a mais fria". Fernando Pessoa também era assim. Como os cariocas, não gostava de dias nublados: "Deem-me o céu azul e o sol visível. Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim", dizia ele. Também pudera, a maior beleza de Lisboa é o céu azul. Em dias nublados, a cidade perde muito do seu charme. Quando chegamos em Portugal ficamos intrigados. Durante semanas o céu esplendorosamente azul, de um azul que só vi lá. O menino questionava: "mãe, será que em Lisboa não tem nuvens?" Dias assim, me lembram Carlos da Maia passeado pelo Chiado, encontrando com seus amigos no café "A Brasileira". Dá vontade de ler Eça de Queiroz debaixo do cobertor. Mas minha consciência pesada não deixa. Preciso cozinhar feijão, estudar para o concurso. Mas cadê o sol que não veio iluminar minha janela? As moças varrem a rua. Escuto daqui a conversa. São minhas contemporâneas. Lembro delas na infância, brincando por aí. Hoje, já são avós. Eu, fui mãe tardia. Demorei a ter coragem. Agora, tenho aí, um menino transformando-se em rapaz, importante interlocutor. Ontem, me plugou em Rihanna: "love on the brain". Que boniteza! "Mãe, Rihanna é uma das mulheres mais bonitas do mundo." Vou ouvir Rihanna para ver se meu dia se ilumina.

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