segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O viajante volta já!

Quando fui morar em Lisboa comprei 2 livros que me acompanharam durante toda a viagem. O primeiro foi "Lisboa: o que o turista deve ver", de Fernando Pessoa, uma espécie de guia, escrito em 1925. Por causa desse guia, fiz com o Menino, o passeio de barco no Tejo, só para ver a cidade a partir do rio:
"Para o viajante que chega por mar, Lisboa, vista assim de longe, ergue-se como uma bela visão de sonho, sobressaindo contra o azul vivo do céu, que o sol anima", escreveu Pessoa, nas primeiras páginas do guia. E eu, quis conferir.
O outro livro é "Viagem a Portugal", do Saramago. O escritor percorreu todo o pais para escrevê-lo. A cada cantinho de Lisboa ou dos arredores que conhecia, eu ia até o livro ver se minhas impressões batiam com as do escritor.
Eu não tenho perfil, nem dinheiro para turista. Gosto mesmo é de ser viajante, de gastar sola de sapato, de ficar um tempo no lugar, conhecer seus moradores, viver como eles vivem, de comer o que comem. Para Saramago, viajar é coisa tão séria, que viajante deveria ser profissão.
Pra mim, a palavra é como Paulo Freire ensina, praxis. Por isso gosto de dizê-la. A poeta Emily Dickinson diz que uma palavra não morre quando dita, pelo contrário, ela nasce. Por isso gosto de dizer, de palavrar, como diz, Pessoa.
Freire diz que, aprender a dizer a sua palavra é assumir-se sujeito da sua história. Por isso, penso que um projeto de sonho seria escrever um livro, nos mesmos moldes de "Viagem a Portugal", sobre Cuba. Como tudo começa com um desejo, quem sabe um dia?

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