segunda-feira, 16 de maio de 2016

13 de maio

Neste 13 de maio completam-se 128 anos de uma abolição que nunca se efetivou de fato. Depois da posse do golpista e da tragédia que se anunciou ontem, com a extinção de ministérios importantes e o anúncio dos novos ministros, hoje, comecei o dia, cabisbaixa e desanimada. Firmei meus pensamentos em meus ancestres e ganhei um presente: uma chamada, via skype, com a capitã Pedrina. Pedrina é capitã da Guarda de Massabique Nossa Senhora das Mercês, da cidade de Oliveira, MG. Uma mulher negra, empoderada, uma sacerdotisa, que até a Paris já foi com sua guarda de congado. Mesmo virtualmente me senti abraçada, acolhida e confortada por essa "mãe pequena". "Lembre-se que o pensamento é força viva e que a palavra também é força", disse ela. A capitã, ainda que pela tela, me confortou, me acalentou, me colocou em seu colo. "Ainda vivenciamos os horrores do cativeiro, Dalva", disse. Mas, precisamos continuar resistindo. Como nosso povo faz, há mais de 500 anos. E, cantou:
"Perguntei São Benedito, se o mundo ia acabar
Benedito respondeu: ajoelha para rezar."
Lembrei então de outro, de quem sou devota, Guimarães Rosa: "reza é o que sara da loucura". Por isso, hoje vou rezar ouvindo Clementina de Jesus e saudando aos meus ancestrais e às mulheres pretas que vieram antes de mim! Minha tataravó, Filomena, uma "negra cativa"; minha bisa, Maria Rosa, que ainda viveu os resquícios da escravidão; e minha mãe, Maria Dulce, a primeira feminista que conheci.

Viva as Santas Almas Benditas!

Um comentário:

  1. Dalva...
    A internet nos propicia essas coisas... Estava no google procurando a letra de uma música da minha infância e vim parar no seu blog.
    Estou encantada, emocionada e feliz por este encontro. Li - e continuarei lendo - os textos que me foram possíveis. Notei que não tem nenhum comentário, e fiz questão de me pronunciar. Neste mundo digital cada vez mais banalizado e neste Brasil cada vez mais assustador, é um deleite me deparar, sem querer, sem esperar, com uma pessoa, de carne e osso, através do mundo digital, tão ser humano!
    Estou grata por este encontro inusitado e feliz, muito feliz, por saber que mesmo através da internet, é possível encontrarmos pessoas as quais tenho vontade de conhecer e ser amiga e tomar um café junto e falar de literatura e de pequenas grandes beleza da vida.
    Gostei muito de te encontrar e espero poder continuar lendo um pouco mais de suas confissões.
    Um abraço carinhoso de alguém que não te conhece, que você também não conhece, que mora em outro estado, de outra idade, outra formação, outra vivência, mas que se identificou com o ser humano sensível e a mulher forte e guerreira que você é.

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