quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Chove



Chove. Aquela chuva constante, de engrossar rio, fazer o milho crescer, lavar tudo. A grama do quintal que estava estorricada está verde de novo e precisando de corte. Incrível essa capacidade de renovação da natureza. Será que a gente também é assim? Eu queria fazer poesia com a floresta de cogumelos que nasceu no quintal, cada dia em um canto diferente. Ou com a revoada de cupins brotando do chão. Aqui, chamamos de "catarina" esses insetos que, saídos da terra, voam em dias de chuva. Ou ainda, com os cinco pezinhos de 'bem-me-quer' que nasceram no quintal. Um deles já está com o botão quase em flor. Mas, sou só mulher do povo, mãe de filho, sonhando em ser Adélia. Aprendi que não se pode jogar a semente de qualquer jeito, em qualquer lugar. Foi assim com o bem-me-quer e com as sementes de tomate, pimenta e feijão que joguei na horta. Nascer, elas até nasceram, mas o mato está competindo com elas e não tem jeito de capinar, pois está tudo misturado. Aprendi que é preciso fazer o canteiro, preparar a terra, esperar a época certa. Algumas  mudas gostam de pouca, outras, de muita água. Tudo tem ciência, omo na teses que estou escrevendo. Scooby perdeu o lugar e está visivelmente aborrecido. Agora, quem  fica enrodilhada aos meus pés é Frida e suas meninas. Elas são tão lindas quando estão dormindo. Acordadas não param quietas e tudo oferece perigo. Os dentinhos já nasceram, já posso senti-los nos meus pés enquanto trabalho. Outro aprendizado para o posfácio da tese: os bichos humanizam a gente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário