terça-feira, 16 de junho de 2015

A volta


Há quase um mês sem notícias, angustiada, ela já pensava no pior, imaginando como criaria os cinco filhos sozinhas.  Afinal, o marido nunca havia ficado tanto tempo longe de casa. Como o sol já ia se pondo atrás do morro, ela juntou as crianças e foram até o lago, à procura de algum peixe para a janta. Vendo a farra dos meninos brincando na água, por alguns instantes, ela até esqueceu as preocupações e riu junto com eles. O mais velho exibia orgulhoso a traíra que conseguira pegar, os menores se divertiam pescando piabas com as peneiras. Subiram de volta para a casa, ela foi limpar e preparar os peixes e os meninos ficaram no quintal brincando. Se esforçando para espantar a tristeza e o desânimo, ela soprou as brasas quase apagadas no fogão a lenha, com a mesma força que desejava que a esperança voltasse a habitar o seu coração. Quebrou os gravetos que os meninos trouxeram do mato e soprou as cinzas, fazendo com que uma centelha se espalhasse, acendendo o fogo novamente. No mesmo instante em que o fogo começou a trepidar ela ouviu um alvoroço no quintal. Em coro os meninos gritavam:
- Papai voltou! Papai voltou! Papai voltou!
Ela chegou na porta da sala, esticou o pescoço e reconheceu, ao longe, o chapéu do marido. Sim, era ele! Enquanto as crianças desciam o morro correndo para encontrar com o pai, ela lembrou da panela no fogo e voltou para a cozinha. Soltou um suspiro comprido de alívio, enquanto colocava mais um prato na mesa pra janta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário