quinta-feira, 16 de abril de 2015

Terceirização, não!


Eu também tive experiência com a terceirização. Não, não foi porque contratei algum serviço terceirizado! Eu fui a terceirizada! Fui telefonista, por anos, na antiga Telemig - Telecomunicações de Minas Gerais, antes das "teles" serem privatizadas no governo FHC.

Era o final da década de 1980, num tempo em que poucas cidades tinhas DDD - Discagem direta a distância e a maioria das ligações era feita via telefonista. Para não caracterizar vínculo, a cada três meses, meu contrato era rescindido e eu era contratada por outra empresa. Conheci todas as empresas que terceirizavam em BH: Conape, Conset, Selp, entre tantas outras.

Além da insegurança de ser terceirizada, tinha também a pressão de sermos monitoradas pelas supervisoras que, numa outra sala, fiscalizavam nossos serviços, ouvindo a forma como atendíamos aos clientes. O uso da fraseologia correta era rigorosamente cobrado. - Telemig, boa noite, Dalva! Para onde deseja falar? Com que telefone? Número desse telefone. Um momento, por favor. Como esquecer?

Além disso, trabalhávamos por produção: você tinha por obrigação de atender um certo número de ligações por minuto. Era tudo medido, monitorado, controlado. Até os minutos que você ia ao banheiro e tomava o café. Conversar na "posição"? Imagina!!! Não podia de jeito nenhum... Mas mesmo assim, encontrávamos nossas brechas e fiz amizades, que permanecem ainda hoje, e que nasceram das conversas intermináveis, entre uma ligação interurbana e outra.

Além do estresse do trabalho em ritmo de produção, tínhamos que lidar com a incerteza da renovação do contrato, já que não tínhamos garantia nenhuma de estabilidade. Ganhávamos menos e não tínhamos os mesmos benefícios das telefonistas efetivas. O que eu mais invejava era o plano de saúde que elas tinham: telemed. Até o nome eu achava bonito: TELEMED! 

Muitas companheiras tiveram a sorte de serem efetivadas sem concurso, pelo então governador de Minas, pelo PMDB, Newton Cardoso. (PMDB e PSDB adoram efetivar sem concurso, haja vista, a trapalhada feita em Minas, pelo PSDB, recentemente, com a efetivação de quase 100 mil funcionários estaduais) Não é de estranhar que estes partidos sejam favoráveis à terceirização. 

Eu não tive a "sorte" de ser efetivada na Telemig! Minha primeira carteira de trabalho, inclusive, foi preenchida rapidinho, justamente por conta destes contratos temporários, via terceirização. E foram muitos! Por isso, eu me arrepio toda vez que ouço falar nessa tal de PL 4330. Trabalhador(a) nenhum(a) merece um retrocesso desse. Eu digo não à PL 4330! Nenhum passo atrás!

Nenhum comentário:

Postar um comentário