sexta-feira, 3 de abril de 2015

Rua da Amargura



A sexta-feira da paixão começou pra mim, com um som de explosão. Era 4 horas da manhã. A notícia chegou instantânea: estouraram um caixa eletrônico. Um não, três. Os três caixas eletrônicos da cidade de 7 mil habitantes foram estourados. 

Às 5 horas acordei novamente. Dessa vez era o som da procissão dos sete passos da paixão. O cântico era o mesmo que o grupo Galpão entoa no espetáculo "Rua da Amargura".  Lembrei da cena onde Teuda Bara, no papel de Maria, chora a morte do filho:
- "Meu filho, e em que estado! Filho que eu amei tanto e com quem morrer só desejo." Maria Madalena tenta acalmá-la:
- "Acalme vossa dor Virgem Maria".
- "Que minha dor acalme? Pede ao Eterno que o sol radiante apague seu fogo intenso, que em gelo torne a larva do vulcão, que ele pode as estrelas apagar o brilho, pode os rios secar, secar os mares, não os olhos da mãe que perde um filho".

Triste coincidência em plena sexta feira da paixão: Dona Teresinha Maria de Jesus, 40 anos, chora hoje, a morte do seu filho Eduardo, uma criança de 10 anos, assassinado ontem, pela polícia, no Morro do Alemão. 

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