terça-feira, 19 de maio de 2015

"Escrever é triste"

"Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos", já dizia Drummond. "Lá fora a vida estoura não só em bombas como também em  dádivas de toda natureza". E eu aqui, "os dedos sobre o teclado", vagarosamente reunindo as letras e tentando arrancar um capítulo das páginas em branco. Do quintal chega o burburinho das crianças brincando. O irmãozinho grita para o mais velho: "Eu te amo, João Pedro!". Ele responde: "Eu também, Raoni!" . Da mesa da cozinha, carente, chateada por não estar participando da farra, eu reclamo: "Ninguém me ama, até o Scooby hoje me abandonou e foi brincar com vocês." Pela janela, entra outro grito, numa vozinha infantil tentando me consolar: "Eu te amo também, Dalva!". E a vida segue sem mim, porque comigo não é possível contar.

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