segunda-feira, 13 de julho de 2015

Roupa nova

A Festa de Agosto se avizinhava. Desde o começo do ano, ela e os irmãos juntavam moedinhas para as compras nas bancas dos camelôs que se amontoavam na praça. Vinham de longe, da capital. Cada brinco, cada pulseira, cada colar mais lindo que o outro. Faltava a roupa nova para a Festa. Eis, que de repente, a mãe surgiu com retalhos comprados em Sete Lagoas, sentou-se na sua máquina de costura Elgin e de lá só se levantou para fazer a menina provar a peça que acabara de costurar. Era inacreditável que daquelas mãos calejadas pelo trabalho pesado pudesse nascer peça tão bonita. Uma bata florida de manguinhas bufantes. Era aberta na frente e duas fitas do mesmo tecido formavam o laço que arrematavam a peça num charme único. No domingo, a ansiedade para exibir na praça a roupa nova fez com que a missa demorasse mais do que de costume. Quando o padre disse: "vão em paz, que o Senhor vos acompanhe", ela não conseguiu esconder o sorriso. Mas, a certeza do sucesso veio mesmo, foi na segunda feira, quando a filha do delegado da cidade bateu à porta, pedindo emprestado a roupa para copiar o modelo.

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