quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

 


A poesia do cotidiano

Os chuchus colhidos na horta de D. Maura e seu Otávio e preparados para o almoço me lembraram o poema de Adélia Prado:

"Uma vez quando eu era menina, choveu grosso com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora. 
Quando se pôde abrir as janelas, as poças tremiam com os últimos pingos. 
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora, trinta anos depois. Não encontrei minha mãe. 
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, com sombrinha infantil e coxas à mostra. Meus filhos me repudiaram envergonhados, meu marido ficou triste até à morte, eu fiquei doida no encalço. 
Só melhoro quando chove."

Agora vou lá, na vizinha, pedir um punhadinho de fubá emprestado para fazer o angú e completar o poema. 
Ops! O cardápio!

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